A luz que acende o meu quarto


A luz que acende o meu quarto vem das instalações da minha casa
Quando eu aperto a tomada ela vem
Iluminando o meu quartinho inteiro e deixando-o bem claro
O tempo pode mudar e trovejar até a luz acabar
Nesse momento o quarto fica escuro
Desesperada e com medo eu começo a gritar
A luz que acende o meu quarto já voltou e eu estou bem melhor
Mas de repente não estou mais sozinha
Tem um mosquito zumbindo no meu precioso ouvido
Ele vem do esgoto que está bem pertinho do meu quartinho limpinho
Vem pra azucrinar, para barulhar
A força vem da usina elétrica mas acabou
E os meus sonhos levou de matar o mosquito
E aqui estou....eu e o meu amor...
O mosquito!

                                         By Érika e Gih...em algum dia de 2003

A coisa

Sabe aquelas histórias muito mal contadas? Pois é, é exatamente uma dessas histórias que vou narrar...
Há muitos anos eu conheci uma pessoa...ela era o ser humano mais insoso e sem graça que eu já conheci. Tinha uma aparência frágil e doentia, às vezes eu tinha a impressão de que se ficasse muito tempo olhando pra ela, ela se partiria ao meio. É sério. A menina era muito estranha.

Quando eu a conheci, não fui com a cara dela. Mas alguns anos depois (4 anos, para ser mais exata) nos tornamos amigas. Muito amigas, na verdade. Naquela época, veja bem, eu tinha 13 anos e estava no auge da fase chata de ser pré-adolescente. A gente compartilhava tudo, mas no caso dela...ela contava umas histórias, de coisas que tinham acontecido com ela, que eu realmente achava impressionante. Eu andava com um grupo de amigas, que não aceitaram muito bem a adesão de uma outra pessoa, elas me diziam que ela era estranha, que as histórias que ela contava não tinham pé nem cabeça. E assim, a gente acabou brigando. Não eu e a menina estranha, mas sim, eu e minhas amigas. Essa minha mania de tentar defender os fracos e oprimidos!

Minha sorte é que eu tinha outra amiga, e ela também estava encantada com a menina estranha. Até que, uma história contada acabou tirando completamente o sono dessa minha amiga. A história era realmente estranha, mas na época ela parecia plausível, e nos unimos cada vez mais a essa menina. Só tinha uma coisa que eu achava estranha, apesar de sermos muito unidas, essa menina de repente começou a me falar coisas bem ruins a respeito da minha amiga. Só que eu deixava pra lá e dizia que ela estava enganada, até porque, a amizade que eu tinha com minha amiga era muito forte, a gente se conhecia há anos.

Um ano depois a coisa realmente começou a fugir dos limites. As histórias que ela contava finalmente pareciam ser sem pé nem cabeça, e as coisas que ela falava da minha amiga realmente começaram a me incomodar. Então durante uma conversa com minha amiga, toquei nesse assunto e descobri que a menina também falava muito mal de mim. Aí começamos a soltar os fios...e percebemos que a menina contava as coisas pra gente, mas de maneira completamente diferente. Assim, haviam duas versões sobre o mesmo assunto...e não fazíamos idéia de qual era a verdadeira, se é que existia alguma verdade ali. Tudo parecia uma teia, uma teia tecida com mentiras, que fomos desvendando aos poucos. A vida dela era uma mentira, ele vivia uma mentira. Era realmente estranha a coisa toda.

E aí vem a parte X da história...não lembro como e nem o porquê, mas jogamos todas as mentiras na cara dela. Tudo o que eu lembro é que foi na hora do intervalo...e de ter uma rodinha de gente ao nosso redor, e ela no meio. E que depois eu e minha amiga saímos furiosas. Não me lembro qual foi o agente desencadeador da briga, só sei que depois desse dia, a gente pegou uma raiva imensa dessa menina.

Depois do ocorrido, aquelas amigas que haviam brigado comigo no passado acolheram a menina que, à essa altura, tinha o apelido interno de “a coisa”. Pra você ver como é a hipocrisia humana! E de repente, não sei porque cargas d’água “a coisa” começou a ir de preto pra escola. Dentre várias piadinhas internas, surgiu uma musiquinha...devo dizer que a repercussão desse ato foi inacreditável. A música era até normal, só tinha uma frase “tira a roupa preta do varal, que lá vem o funeral!”. Não temos culpa se a carapuça serviu. E de qualquer forma, nem havia sido nós duas quem inventamos, mas sim uma outra amiga nossa juntamente com um amigo. Ahhh adolescentes!

De qualquer forma, a repercussão disso foi parar na diretoria da escola, não pela “coisa”, mas pela mãe dela. A diretora da escola marcou uma reunião com os pais e alunos e disse que, daquele dia em diante, o uso do uniforme da escola era obrigatório. É pra rir né!

Mas foi o que aconteceu...passamos o resto do ano indo de uniforme pra escola...quanto à “coisa” não lembro que fim deu nela...se ela mudou de escola ou se ficou até o fim do ano. Tudo o que eu sei, é que nos dois anos seguintes eu sempre a via no centro...com a mãe dela. Dava medo. A aparência da menina não mudava nunca...sempre ela e a mãe. Eu tenho uma foto com ela, da época em que nada desconfiávamos, não sei se é impressão, mas toda vez que olho pra ela, parece que ela está possuída. É sério.

Apesar de ser uma história bem X na minha vida, aprendi uma lição valiosíssima: mentira tem perna curta. Parece bem clichê, mas é a mais pura verdade. Eu vi de perto o que a mentira pode fazer com a vida de uma pessoa, uma amizade que, devo acrescentar, existe até hoje, quase foi destruída por causa disso. E também aprendi que não devemos julgar as pessoas, quem diria que aquela menina sem graça seria capaz de tanta coisa?

Moradores de rua

   Sejam sinceros, quantas vezes vocês estavam andando na rua e, ao se depararem com um mendigo à frente, passaram reto sem nem notar a presença dele, ou simplesmente atravessaram a rua? Creio que a resposta da maioria será: muitas vezes!
   Eu sei...também já fiz isso várias vezes. Talvez por medo, ou por puro preconceito mesmo. Mas minha concepção acerca dos moradores de rua mudou muito durante os últimos 3 meses, quando comecei a estagiar junto a essa população. Devo admitir que não foi de minha escolha, simplesmente mandaram um e-mail com a relação de quem iria estagiar aonde e, surpresa! Gisele: CREAS (Centro de Referência Especializada em Assistência Social)- população em situação de rua.
   Foi meio que um baque quando li esse e-mail, fiquei pensando que raios eu teria que fazer lá e é claro, morrendo de medo porque não sabia o que esperar desse estágio. Logo no primeiro dia já comecei a ver essa população com outros olhos, a proposta era realizar uma entrevista com os usuários presentes, para conhecê-los e saber um pouco de suas histórias de vida. A lição que eu tirei disso tudo é que moradores de rua são tão gente como nós, que cada um tem uma história de vida diferente e tem um motivo para ter saído de casa, claro que a maioria foi devido ao uso de álcool e/ou drogas, mas outros foram por motivos aleatórios que eles não conseguiram ou não tiveram suporte suficiente para lidar.
   Algo que me surpreendeu muito foi o fato de alguns deles parecerem gostar de estar na rua, pois há mais liberdade e facilidade de arrumar drogas; já alguns outros (bem poucos) têm planos de sair dessa situação para ter uma vida melhor. Nos últimos dois meses eu e as outras estagiárias montamos dois grupos para trabalhar com eles, um de auto-cuidado e outro de música. No decorrer dos encontros pudemos conhecê-los melhor, e percebemos que a maioria deles está sim preocupada com sua aparência e sua saúde, porém, com essa vida inconstante que eles têm é difícil conseguir manter uma boa aparência. Eles até tentam, e devo dizer que alguns se saem muito bem, se os visse andando na rua, jamais diria que eles estão nessa situação. O grupo de música revelou alguns talentos, devo destacar uma usuária que canta muito bem, realmente acho uma pena ela não ter a oportunidade de explorar mais esse dom. Mas quem sabe um dia né? 
   Gostei muito mesmo de fazer esse estágio, contribuiu muito, tanto para meu crescimento profissional quanto pessoal. Como citei anteriormente, meu conceito sobre moradores de rua mudou bastante, acho que aquele preconceito que eu tinha antes não existe mais. Já estou até começando a sentir saudades de ir lá, vou sentir falta das pessoas, das reações exageradas de uns e até do clima meio pesado que às vezes "pairava no ar".
  Enfim, valeu muito a experiência, não digo que quando sair da faculdade vou trabalhar nessa área até porque, realmente não é uma área que me interesse. Não descarto a possibilidade, até porque, nunca se sabe o dia de amanhã. Mas essa experiência realmente foi muito boa e sou muito grata por ter tido a oportunidade de vivenciá-la. E se por acaso vocês tiverem a oportunidade, conversem algum dia com um morador de rua e peçam para que ele conte sua história de vida. Tenho certeza de que a concepção de vocês também vai mudar e muito.

Mairiporã

“Mariporã, paraíso aqui na Terra. És um pedaço do céu incrustado ao pé da serra...”

Sim, esse é um pedaço do hino da minha querida cidade. Quem ouve pensa que se trata de um lugar lindo, cheio de coisas bonitas para se ver, um exemplo de cidade. Mas não é. Nem um pouco.

O nome da cidade é de origem indígena (Tupi) e significa “Vila Bonita” (huuh quem me dera). Com seus quase 80 mil habitantes, e por estar localizada a apenas 20 minutos (de carro, que fique bem claro) da grande São Paulo, tinha de tudo para ser uma super cidade. Tem até pontos turísticos consideráveis, como o Pico do Olho d’Água (muito lindo, e dá até para saltar de pára-quedas), o Cruzeiro, a represa (principalmente a parte das “sete quedas”) e a Pedreira (muito da hora...principalmente para quem tem a intenção de se suicidar...ou cometer um homicídio, vai saber!). Brincadeiras à parte né...lá é muito bonito, de verdade.

Mas não sei o que acontece, essa cidade não vai pra frente. Os pontos turísticos não são lá muito valorizados e por isso a maioria da população vive metendo pau no lugar (inclusive eu). Também né, a questão política é uma piada, a população não tem bom senso e não é nem um pouco atrativa fisicamente (salvo exceções...sim, temos exceções, como exemplo, basta olhar para a pessoa que vos escreve...hahaha), e as opções de lazer são raríssimas. Tudo bem vai, contamos com 2 clubes, alguns barzinhos, algumas baladinhas. Mas ah! Tem tanta gente feia, e é tudo tão chato, que eu pelo menos desanimo de ir pra lá e prefiro visitar cidades vizinhas para me divertir.

Não sei porque a prefeitura não investe nos pontos turísticos existentes e cria mais opções de lazer...alguns dizem que isso tudo é culpa de um padre que jogou uma praga na cidade, sabe-se lá o porque. Olha as histórias que rolam por lá....hahaha Mas a parte de investir em lazer é super interessante, até porque, por falta de coisa para fazer, a população vem crescendo a cada ano que passa. É incrível o número de adolescentes grávidas/com filhos pequenos. Realmente incrível...

Ah é, já estava me esquecendo de mencionar a minha querida Terra Preta. Ao contrário do que muitos pensam, não é cidade, mas sim, distrito industrial, e é lá que eu moro desde pequena...e tenho as melhores amigas do mundo...hehehe. Enfim, acho que não é necessário dizer que é Terra Preta quem “sustenta” Mairiporã, pela quantidade de fábricas existentes (tem de tudo quanto é tipo, desde fábrica de chinelo até de doces japoneses). Ou seja, tem um grande potencial econômico, as indústrias geram muito dinheiro...e aonde esse dinheiro vai parar? Pra cidade com certeza não é.

Anyway...tá aí uma pequena descrição da minha querida cidade natal. Até que consegui falar algumas coisas boas de lá...hahahaha Mas de verdade, tem coisas boas sim, é só uma questão de investimento e valorização pra melhorar a cidade.

P.S.: A foto é do Pico do Olho d'Água  ;)

Mashing up

Eu não tenho medo de nada, só preciso saber que consigo respirar. Eu não preciso muito de nenhuma coisa, mas de repente...Eu sou pequena e o mundo é grande, tudo ao meu redor está se movendo rápido e estou rodeada por tantas coisas que estou completamente perdida e não consigo me achar.


Então de repente eu sinto que o peso do mundo está sobre meus ombros. Não sei o que fazer quando o meu melhor não é bom o bastante e quando tudo o que eu toco desaba.
Pois minhas melhores intenções continuam confundindo as coisas e eu quero apenas corrigi-las de alguma forma. Mas quanto tempo vai demorar? Como começar de novo, apesar de estar com minha fé abalada?

Parar de pensar...a solução é sempre parar de pensar. Se eu tivesse feito isso antes, com certeza não estaria escrevendo isso. Também preciso parar de me cobrar tanto, se ninguém é perfeito, porque eu deveria ser? Preciso urgentemente aprender a viver meu presente e deixar o futuro pra depois....afinal, o que é o futuro se não um depois? Futuro....HA! Essa palavra me trás péssimas recordações...então pra quê continuar pensando nela?

E é claro, preciso parar de esperar muito das pessoas. A maioria não está nem aí para o que eu sinto, quando muito, se lembram que eu existo. Então pra quê se importar tanto com elas, quando é mais fácil mandá-las pro raio que as partam? Não preciso delas para ser feliz...já tenho minhas próprias pessoas que estão do meu lado para o que der e vier, pra quê preciso de mais gente?

Estou começando a achar que preciso de terapia...porque pelo jeito só escrever não está adiantando muita coisa.

Lembranças

Um olhar, um sorriso, um toque, um beijo
Um sentimento que será lembrado pelo resto da vida
Era perfeito...
Era estranho...
Ao mesmo tempo em que parecia tão certo
Parecia muito errado
Uma decisão
Errada ou não, precipitada ou não, foi uma decisão
E mudou a vida pra sempre
E doeu, apesar de não parecer
Tempo, tempo, tempo
Quando dei por mim, passava horas remoendo
Sem entender o porquê
Sem tem porquê
A escolha foi minha
Arrependida? Não
Era o certo a ser feito
E então pra quê tantos pensamentos?
Lembranças...apenas lembranças
De momentos perfeitos
E que, apesar de tudo, jamais serão esquecidos, .

Livros


Meu lugar preferido para ir é uma livraria. Nossa, eu surto toda vez que entro em uma, prateleiras cheias de livros dos mais variados tipos, cores e tamanhos, capas simples e outras super elaboradas que nem dá vontade de tirar do plástico para não estragar. Sou capaz de passar horas a fio andando pela loja, observando os títulos, lendo a contracapa para saber do que se trata, mas não me contento só em olhar, ah não! Tenho que abrir, folhear, sentir aquele cheiro característico de livro novo. E é claro, passar muita vontade, porque não é sempre que tenho dinheiro para comprar um...livro é cultura, e cultura não deveria ser cara, pelo amor de Deus!
Eu não consigo entender como uma pessoa não gosta de ler, pra mim é uma coisa tão natural como beber água. Pegar um livro, deitar e começar a ler – devorar, no meu caso – é a melhor coisa que existe. Tá, não é a melhor, mas com certeza está entre as 5 melhores coisas que existem. Algumas pessoas preferem baixar livros no computador, mas qual é a graça? Legal mesmo é estar com o livro nas mãos, virar a página...pode não parecer, mas é divertido, nunca se sabe o que está na próxima página, a não ser que já tenha lido o livro antes e esteja lendo de novo.
A história não importa, o mais importante é o jeito como ela é narrada. De que adianta uma história boa, se o autor não sabe como passá-la aos leitores? Na verdade, pra mim, quanto mais viajada e sem noção for a história, melhor, porque é isso o que eu realmente prezo num livro, poder viajar e imaginar coisas que não existem na vida real. Psicólogos podem dizer que isso é um escape, um meio de fugir da realidade. Eu não discordo. E essa é a graça de ler livros desse tipo, a vida real é tão “sem graça”, tão cheia de responsabilidades e coisas importantes para fazer, que é legal escapar dessa correria do dia-a-dia e viajar por cenários, lugares, entrar num mundo onde tudo é possível, por mais estúpido que seja.
Não estou dizendo que só leio livros sem noção, tirando livros de auto-ajuda - que eu realmente odeio e não acredito neles, pois todos dizem exatamente a mesma coisa - tenho o costume de ler qualquer livro que fique 5 segundos parado na minha frente. Se não gosto, parto pra outro e já era. Mas se eu gosto, não descanso enquanto não termino de ler. O que eu mais gosto é ler série de livros, principalmente se ainda não foram lançados todos os volumes. Não sei como explicar, mas há um sentimento de ansiedade e expectativa para saber a continuação da historia, é como se você fizesse parte dela, um personagem que não sabe o que vai acontecer no futuro. E quando acaba...dá uma sensação de vazio, é estranho.
Mas não surto apenas quando estou em uma livraria, bibliotecas também me fazem ter ataques, principalmente quando vejo um livro muito velho, mas em perfeitas condições. É incrível como, desde que seja bem cuidado, um livro pode sobrevier ao tempo e “nos contar histórias” que foram escritas há séculos, mesmo que a linguagem seja um pouco difícil de entender. Não sou muito chegada em livros de literatura, principalmente se falam sobre uma “índia virgem que tem os lábios de mel”, francamente! Tem histórias que realmente me irritam, por mais que sejam clássicas e seus autores renomados. Claro que não são todos, na verdade, a maioria é realmente interessante, mas nem sempre eu gosto do jeito como o autor escreve.
Um dia eu ainda escrevo um livro, na verdade, já tenho a idéia pronta, só falta inspiração para escrever. E é claro, ele vai ser super sem noção. Mas quem sabe não vire um best-seller? Hahaha Também vou ter minha própria biblioteca, com todos os livros possíveis e imagináveis – menos auto-ajuda. Sim, eu sonho alto...alto demais, por sinal, mas o que é a vida sem sonhos? A mesma coisa que uma vida sem livros, ou seja, nada. Pelo menos, esse é meu ponto de vista.